data-filename="retriever" style="width: 100%;">Março é o mês dedicado à mulher. Muito mais do que um mês de comemorações, ele é voltado para a luta por dignidade, igualdade entre os gêneros e por uma sociedade verdadeiramente justa e democrática. Por mais absurdo que pareça, a mulher é, ainda, na visão de muitos, a culpada de todas as violências sofridas, a ponto de vermos muitas pessoas, até mesmo autoridades instituídas, com posturas que só reafirmam tal cultura.
Por mais que alguns neguem, a desigualdade de gêneros está inserida em quase todos os ambientes familiares e, mesmo que inconscientemente, ela é, muitas vezes, incentivada por nós, mulheres, quando destinamos tratamentos diferenciados na criação dos filhos de sexos diferentes. A desigualdade faz parte da criação que recebemos de nossas mães e, consequentemente, de nossas avós e a reproduzimos com nossos filhos. É uma forma equivocada de ver o mundo e que é passada de geração para geração, por isso, é tão difícil combatê-la. Mesmo que as mulheres estejam, cada dia mais, independentes e conquistando mais seus espaços na sociedade, ocupando áreas, antes apenas disponíveis para o sexo masculino, isso, não é o suficiente para acabar com o preconceito e estereótipos presentes nos ambientes sociais que, ao longo das décadas, reproduz o machismo.
Para mudarmos essa realidade e abandonarmos os hábitos de segregação de gêneros, são indispensáveis os espaços que possibilitam discussões e questionamentos sobre os temas, igualdade e desigualdade, pois, quanto mais aprofundados os debates, novas dimensões e possibilidades de abordagem surgem sobre o assunto. As leis Maria da Penha e do Feminicídio foram, sem dúvidas, grandes passos para o enfrentamento à violência contra a mulher e elas surgiram em decorrência de amplos debates que desnudaram uma realidade, até então não transparente para as autoridades brasileiras, a cultura machista.
No entanto, precisamos avançar, ainda mais, e banir de nossas relações cotidianas essa cultura que vê com normalidade qualquer relação de desigualdade, seja de gênero, raça ou classe. Até há bem pouco tempo, a única violência contra a mulher reconhecida era a física, porém, após vários debates sobre o assunto, chegou-se à conclusão que existia outro tipo, tão grave quanto àquela, pois, capaz de deixar cicatrizes bem mais profundas e traumáticas, que é a psicológica. Como é de difícil identificação, tal violência é, muitas vezes, negligenciada, até por quem a sofre, por não conseguir perceber que ela vem mascarada por ironias, controle, ciúmes, ofensas e humilhações.
Por isso, é importante que a sociedade tenha datas que proporcionem momentos de debates e reflexões, que auxiliam na constatação das agressões, não apenas físicas, mas, também, psicológicas, na busca de mudanças de comportamentos e posturas, criando mecanismos de prevenção e controle para o combate à intolerância, desigualdades e injustiças.